SAL
como durar no tempo
SOBRE A PEÇA RESIDÊNCIA DE CRIAÇÃO
SAL: como durar no tempo, é uma proposta de encenação colaborativa inspirada nos “Happenings”, experimentações cênicas multilinguísticas decorrente dos anos 1960 (EUA). Este ativação, necessariamente criada a partir das redes locais de interações artísticas, é uma instauração cênica de forte teor experimental sem compromisso com a espetacularização das danças, a fim de dar a ver as tensões ético-político-estéticas que fazem o piso comum da malha sensível da realidade que aporta tais agrupamentos. Este acontecimento é fruto direto de elaborações afetivo-conceituais desde potentes encontros interlocutórios com mobilizadoras como Sofia Bauschwitz, Sonia Sobral e Thelma Bonavita. SAL é fruto de atravessamentos e inquietações de corpos em seus contextos de vulnerabilidade. Uma peça sobre a capacidade de manter-se vivo, por meio da inteligência oculta e homeostática que rege um agrupamento, mesmo que em ambientes extremados e rarefeitos. Munidos com noções trazidas por David Lapoujade em seus livros “Existências Mínimas” e “Potências do Tempo”, bem como o conceito de inteligência oculta elucidado por António Damásio em “Sentir e Saber”, COMO DURAR NO TEMPO reflete as condições precárias de uma coletividade que tenta esticar sua própria existência na tessitura da realidade.
“Um kilo de sal comido juntes é o mínimo necessário à concretude tácita de uma comunidade”.
Esta peça é a maneira que encontramos de sermos seres da/na duração, esticando o tempo e vivendo na espera.
Aqui, essa substância mágica, nos assiste durar no tempo testemunhando a presença de menores histórias da dança.
MEDIAÇÃO ALEXANDRE AMÉRICO E PEDRO VITOR